sexta-feira, março 23, 2012

Lígia


À muitos anos atrás, ainda na infância, eu era uma criança chata, insistentemente chata, desagradavelmente irritante, inconvenientemente teimoso, insuportavelmente caprichoso, intratavelmente obstinado, determinantemente casmurro, convictamente persistente. Ainda bem que esta faceta da minha personalidade ficou claramente no passado!

No 3º ou 4º ano de escolaridade, todos os meninos bonitos aprendem sobre os graus de adjectivação mas eu cá não! Isso é matéria para eles, os outros, papalvos, os cordeiros alinhados, os lemmings de amanhã. Para quê que eu havia de aprender sobre o absoluto-sintético e o superlativo-megafónico-total?! Para mim, à época, importava era saber utilizar os adjectivos na sua forma correcta, tudo o mais não passava de nomenclatura barata. E quando digo que me recusava a aprender, é mesmo recusar determinantemente, já que por mais de uma vez, a pesada régua da professora teve uma paixão de pura atracção carnal com a minha mão esquerda, tendo por não menos vezes um affair violento e tempestuoso com a minha mão direita. Mas não, nem isso me faria abdicar das minhas convicções quanto à desimportância de etiquetar nomes em graus de adjectivação. Hoje em dia arrependo-me de ter contribuido para alguns dos poblemas de artrites no pulso e braço de que certamente terá padecido a saudosa Miss. (O termo Miss advém do facto de ser um colégio inglês, mas agora que penso nisso porque raio era Miss e não Mrs já que a senhora claramente tinha classificações para tal?!)

Mas curiosamente, hoje, passados todos estes anos de maturação e de desenvolvimento pessoal, e numa surpreendente e inesperada reviravolta; continuo a achar que aquele bravo garoto mártir tem muita razão!



Ah! Também me recusava a fazer contas de dividir! (mas isso é mesmo porque era burro!)