segunda-feira, dezembro 31, 2012

Niilismo

Até prova em contrário, o HBlugo encontra-se encerrado.

terça-feira, maio 29, 2012

Colecção

Caro Vizinho,

A minha intenção ao obrar esta singela mensagem, é agradecer-lhe pelo excelente trabalho que tem realizado em prol do ambiente fraterno, sentimento de partilha e comunidade, tão palpável no prédio que ambos habitamos que até se pode sentir no ar, o doce aroma da concórdia.

Quero deixar-lhe as minhas felicitações pela excelente qualidade de dejectos que o seu cão deposita carinhosamente sobre o tapete da minha porta de entrada. Tanto para o Homem como para o Animal, uma boa educação compensa e o investimento que fez para educar o seu amigo de 4patas segundo os paradigmas dos mestres da arte clássica, já está a dar os seus frutos. No detalhe das suas obras, nota-se já a influência das escolas grega e italiana. Toda a suavidade e a beleza das texturas com toda a naturalidade das cores e formas. Simplesmente sublime!

É por esse motivo que não poderia deixar que o meu prezado vizinho e o seu mui honrado amigo canino me continuem a ofertar tão nobres presentes sem que me permitam mostrar todo o meu apreço. A minha honra não me permitiria a tal ignomínia. Por isso, tem a minha palavra, de que da próxima vez que me puder deleitar com mais uma instalação à entrada da minha casa, terei todo o gosto em ir pessoalmente retribuír a dedicação à sua porta. Certamente comprenderá que não tenho todo o génio artístico que o seu cão revela, no entanto pode fazer fé de que esta será uma oferta sentida em que aliviarei o que corre nas entranhas da minha alma de artista naif.

quarta-feira, abril 25, 2012

sexta-feira, março 23, 2012

Lígia


À muitos anos atrás, ainda na infância, eu era uma criança chata, insistentemente chata, desagradavelmente irritante, inconvenientemente teimoso, insuportavelmente caprichoso, intratavelmente obstinado, determinantemente casmurro, convictamente persistente. Ainda bem que esta faceta da minha personalidade ficou claramente no passado!

No 3º ou 4º ano de escolaridade, todos os meninos bonitos aprendem sobre os graus de adjectivação mas eu cá não! Isso é matéria para eles, os outros, papalvos, os cordeiros alinhados, os lemmings de amanhã. Para quê que eu havia de aprender sobre o absoluto-sintético e o superlativo-megafónico-total?! Para mim, à época, importava era saber utilizar os adjectivos na sua forma correcta, tudo o mais não passava de nomenclatura barata. E quando digo que me recusava a aprender, é mesmo recusar determinantemente, já que por mais de uma vez, a pesada régua da professora teve uma paixão de pura atracção carnal com a minha mão esquerda, tendo por não menos vezes um affair violento e tempestuoso com a minha mão direita. Mas não, nem isso me faria abdicar das minhas convicções quanto à desimportância de etiquetar nomes em graus de adjectivação. Hoje em dia arrependo-me de ter contribuido para alguns dos poblemas de artrites no pulso e braço de que certamente terá padecido a saudosa Miss. (O termo Miss advém do facto de ser um colégio inglês, mas agora que penso nisso porque raio era Miss e não Mrs já que a senhora claramente tinha classificações para tal?!)

Mas curiosamente, hoje, passados todos estes anos de maturação e de desenvolvimento pessoal, e numa surpreendente e inesperada reviravolta; continuo a achar que aquele bravo garoto mártir tem muita razão!



Ah! Também me recusava a fazer contas de dividir! (mas isso é mesmo porque era burro!)

sábado, janeiro 14, 2012

Hoden

Quando eu era pequenino, acabado de nascer, ainda mal abria os olhos, já era para fazer trafulhiçe.

Um rapazola vinha da escola a achar-se o fim do mundo. No caminho este Junior James Dean tinha que se entreter. E que tal o tradicional e amigo das familias: "Vamos Meter Medo aos Passageiros dos Carros que estão parados no Trânsito."?

O jogo basicamente era ver, quantas portas se fechavam (através da maravilha tecnologica do fecho centralizado) enquanto eu passava. Valia tudo menos entrar no carro!

Tudo, mesmo tudo, que metesse medo às pessoas:
-gritar
-bater nos carros, com força ligeira (era miúdo mas não era vândalo)
-fazer de foragido do hospício (dom inato)
- fazer de criança (é assustador)
-deitar na estrada (psicanálise)
-parar no caminho e olhar fixamente para os carros (os gestos mais simples eram os mais assombrosos)

Havia um tipo aqui da rua, que sempre que eu voltava para casa, ele era o Campeão! Esse sujeito de má memória, batia nos vidros, fazia cara de bicho, chegava a desafiar, qual bandarilheiro do asfalto, a própria investida do Mercedes Cornudo!

Mas que será feito desse Campeão?
E se ele se visse hoje? Ridiculo, mero homem, igual a todos os outros- fraco, ridículo e inútil! Talvez até não se sentisse assim tão mal, já que ele próprio era ridículo, logo assumindo-se como tal; um Homem-Livre.

O que é certo é que um Cássimo , com a barba a dar pelos queixos, dá 10 a 0 a qualquer inocente Cacá contudo, apesar disso, não consegue ser mais feliz do que antes!

Sinal dos tempos!